Promover o turismo histórico no estado de Alagoas. Este é o objetivo que levou à criação do Mapeamento Cultural de Marechal Deodoro, Penedo e Piranhas, lançado na noite desta terça-feira (3), no Centro de Convenções de Maceió. O mapeamento deu origem a um catálogo que divulga os ícones culturais e a formação histórica de cada município, com foco na arquitetura, religião, artesanato, gastronomia, manifestações folclóricas e acontecimentos marcantes.Pelo catálogo, é possível conferir diversas opções de turismo de aventura, pontos históricos e restaurantes que oferecem boa infra-estrutura para receber os visitantes e as pessoas da comunidade. Os roteiros turísticos também serão apresentados a empresários e órgãos envolvidos nos setores de turismo e cultura no Brasil.A iniciativa é do governo estadual em parceria com o Sebrae em Alagoas, a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e outras instituições. Para Renato Lobo, diretor de Programação e Qualificação da Secretaria de Estado do Turismo de Alagoas (Setur) e idealizador do mapeamento, a cultura precisa de suporte estrutural e da consciência coletiva para ser um bom negócio. “Nós tivemos a preocupação de envolver a comunidade no processo, para que eles enxerguem a cultura como uma fonte de renda viável e sustentável”, relata.Gerente da Unidade de Turismo, Artesanato e Cultura (Utac) do Sebrae/AL, Vanessa Rocha avalia que o levantamento de ícones culturais valoriza também a identificação do povo com o seu Estado. “Quando pensamos em Pernambuco, lembramos rapidamente do frevo. Na Bahia, pensamos nos orixás. Alagoas também tem seus ícones; precisamos identificá-los e divulgá-los nacionalmente”, explica.O próximo passo do projeto de mapeamento cultural é a realização de capacitações junto às comunidades. De 9 a 12 de fevereiro, em Penedo, Marechal Deodoro e Piranhas, serão realizadas palestras e painéis para sensibilizar os moradores destes municípios sobre os potenciais de sua região. Além disso, eles serão orientados acerca de assuntos como associativismo e cooperativismo.Nesse contexto, as micro e pequenas empresas (MPE) têm um papel destacado na acomodação do novo público, já que os serviços envolvidos na atividade são predominantemente oferecidos pelos pequenos negócios nesses municípios.Adriana Franco, proprietária da pousada Capitães de Areia, localizada na Praia do Francês, participou da solenidade de lançamento e está otimista com a iniciativa. "Esse tipo de turismo ainda é pouco explorado em Marechal Deodoro, mas sempre incentivamos a visita a lugares históricos. Espero que a estrutura também melhore e que seja o início de um grande trabalho”, anima-se a empreendedora.Os roteirosExemplos da arquitetura e formação social colonial brasileira e alagoana, as cidades de Marechal Deodoro, Piranhas e Penedo ainda conservam diversos aspectos da história de Alagoas e do Nordeste, traduzidos em uma sociedade fundada no cultivo de cana de açúcar, na adaptação ao clima seco do sertão e no convívio com uma beleza estonteante. As três são tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).Com 46 mil habitantes, Marechal Deodoro, antes denominada Alagoas, quando era capital do Estado, foi um dos primeiros pontos de povoação da antiga capitania de Pernambuco, e um dos pilares da formação da província de Alagoas, separada de Pernambuco em 1817. É conhecida pelo pólo gastronômico da Massagueira, pela Praia do Francês e por igrejas, casarões e praças construídas no período colonial, além de figuras ilustres da cultura, como Nelson da Rabeca e a banda de pífanos Esquenta Muié, escolhidos como ícones pelo projeto.Com cerca de 60 mil habitantes, Penedo foi o município que encantou Dom Pedro I, em sua passagem pela província, e foi palco, em uma história mais recente, de memoráveis festivais de cinema. Entres os ícones escolhidos, destacam-se o Guerreiro Treme Terra, manifestação folclórica típica de Alagoas, a Festa de Bom Jesus dos Navegantes, um cortejo fluvial feito por pescadores, e o teatro Sete de Setembro.Caçula dos municípios históricos escolhidos, a cidade de Piranhas traz na sua bagagem histórias emocionantes, como a exposição em praça pública das cabeças de Lampião e seu bando, incluindo a companheira Maria Bonita, em 1938. Os cangaceiros foram emboscados próximos à cidade, na grota de Angicos, já em território sergipano. Além da visita aos canyons do Velho Chico, como é chamado o Rio São Francisco, que banha a cidade, são encontradas no local diversas manifestações folclóricas, como o pastoril e o reisado, e o rendendê, renda local famosa por sua delicadeza e riqueza em detalhes.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias-DF